Deixar partir

matraga poesias fevereiro 8, 2018

Se nas saudades de hoje
Quando recém te vi,
Só de imaginar,
Adivinho as do amanhã
Quando partirás para tão longe,
Que triste panorama
O meu futuro encerra.

E se na minha boca
Não soluça um pedido
Para que fiques.
Não murmura a intensidade
Como te quero comigo,
È que mantenho a ferros,
Agrilhoado e mudo,
o monstro egoísta
Que habita em mim.

Deixar voar a borboleta
Consentir dividir com outros
O esplendor dos seus azuis.
Aceitar que as plantas aspirem ao sol
Sem tolher a sua copa
Quando esta se distancia do solo
Exige, coragem e covardia
De um coração tensionado
entre o medo e a esperança.
Quando o agir e o não agir
Convergem para uma mesma desgraça.
Mundo sem sentido
Sentido sem mundo.

Corajoso e covarde
Despedirei-me de ti
Sem um pingo de certeza
De ter agido com retidão.
Moira, o destino não poderá
Ser por mim cobrado
das conseqüências
dos meus gestos sem ação.

Vá borboleta!
Cresça frondosa arvore!
A memória dos teus azuis
O frescor da sua copa altaneira
Sempre me informarão de ti
E sempre me lembrarão confuso
Da alegria de saber
Que foste minha um dia
e por um pouco, muito pouco,
Não o seguistes sendo.