Busco gotas de sentido,
Perdidas nas frestas do mundo.
Vida e morte que não para,
No sucesso das gerações
escamas de dentro para fora
no ventre do tempo-rei
que vêm e que vão,
num ritmo cego humanidade,
estertor permanente dos partos e dos velórios.
Epitélio gasto e descartável me sabe
Célula opaca e cansada, eu sou.
De um tempo que já foi o meu,
não será jamais.
O fogo celeste renova incessantemente a natureza,
E somente a nossa estupidez sustenta
Extrair das memórias a ilusão
Que o mundo já foi melhor um dia: terá sido?
Tempos de antes, quando éramos jovens.
e a inconsciência tudo nos permit
Ao gosto do freguês: sexo, drogas e rock in roll
Utopias, gente jovem reunida.
Mas o mundo hoje, é hoje,
ainda que ele não seja,
tanto assim para mim.
Tanto quanto terá sido um dia. Terá sido?
Na bizarrice do gozo, sexo, comida e consumo
Nunca houve nada de novo sob o sol
que se põe todo dia-dia.
Tagarelice infindável,
tantas palavras ocas e vazias
Que nenhum sentido é capaz de traduzir.
Se não há nada de novo para dizer
Porque então insistir na poesia?